segunda-feira, 21 de julho de 2014

O desafio maior

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No mundo espiritual temos uma visão objetiva de nossas necessidades evolutivas. Pedimos aos gênios tutelares, nossos amigos espirituais, que nos ajudem a planejar uma existência capaz de incinerar nossas mazelas e liquidar nossos débitos cármicos, acumulados ao longo de muitos séculos de indisciplina e comprometimento com o desajuste.
– Quero nascer zarolho e perneta, portador de doenças congênitas, em família complicada; estágio na pobreza, dores e aflições intermináveis…
Embora inspirados em nobres ideais, fossem nossos desejos atendidos e seríamos esmagados por provações acima de nossas forças, paralisando-nos a iniciativa.
Podando espinhos em exagero, nossos mentores ajudam-nos a planejar uma jornada menos tormentosa, que não nos tolha a iniciativa.
Muito mais do que pagar dívidas, é fundamental estejamos empenhados em não contraí-las e a conquistar créditos de trabalho no campo do Bem e do aprimoramento espiritual, adquirindo aquela riqueza que, no dizer de Jesus, as traças não roem, a ferrugem não corrói, nem os ladrões roubam.
O problema é que aqui aportando, visão espiritual prejudicada pela armadura física, deixamos que prevaleçam os interesses humanos.
Sofremos uma inversão de valores.
Se as coisas correm mal, clamamos ao Céu.
Se correm bem, distraímo-nos dos bons propósitos.
Pagamos nossos débitos cármicos com a angústia do sovina.
Contraímos novos débitos com a avidez do perdulário.
Ao final da jornada, o saldo é negativo na contabilidade divina e vamos parar em regiões umbralinas, o purgatório da tradição religiosa, onde estagiam os maus pagadores e os esbanjadores do tempo, de onde nenhum gênio nos tirará até que nos livremos dos lastros maiores de desajustes e perturbações.
Sofremos, choramos, clamamos pela complacência divina e nos compenetramo-nos, uma vez mais, de nossas fraquezas e mazelas, de nossos débitos cármicos, da necessidade da reencarnação…E começa tudo de novo.
Assim será até que nos disponhamos, com todas as forças de nossa alma, a compatibilizar os ideais divinos com os desejos humanos, a partir do empenho por compreender a nós mesmos, habilitando-nos até mesmo a enfrentar esse autêntico desafio que é decifrar a alma feminina.

Richard Simonetti - Tribuna do Espiritismo mar/2014

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